Pé diabético é definido pela International Working Group on the Diabetic Foot (IWGDF) por uma infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associadas a alterações neurológicas em vários graus de doença arterial periférica (DAP) nos membros inferiores”
O impacto econômico gerado pelas complicações crônicas do diabetes também é outro fator muito preocupante, dados mostram que apenas em 2017, o diabetes gerou um custo de 377 bilhões de dólares nos Estados Unidos.
Mesmo trabalhos mostrando o elevado custo direto devido consultas, internações hospitalares, procedimentos cirúrgicos, medicamentos, hemodiálise, curativos, próteses, entre outros, os indiretos são imensuráveis, tais como impacto no trabalho, ônus familiar, transtornos psíquicos devido incapacidades geradas, etc.
Possui uma incidência anual de 2-4% e prevalência de 4-10% em portadores de diabetes. Isto significa que 25% dos diabéticos terão uma úlcera ao longo da vida.
Este fato é preocupante pois quando há demora no tratamento, o risco de amputação parcial ou total do pé eleva-se exponencialmente. Sabemos hoje que 85% das amputações dos pés são precedidas por úlceras.
O estado hiperglicêmico (níveis altos de glicose no sangue) intermitente e por longos períodos observados nos diabéticos geram lesões em pequenos e grandes vasos sanguíneos do corpo.
As lesões dos grandes vasos são as responsáveis por causarem entre outras doenças, AVCs ( Acidente Vascular Cerebral) e Infartos. Já as lesões dos pequenos vasos atacam principalmente os olhos, rins e nervos, gerando retinopatia, nefropatia e neuropatia diabética, respectivamente.
A neuropatia diabética é caracterizada por algum grau de disfunção sensitiva, motora ou autonômica dos nervos periféricos, sendo a polineuropatia distal simétrica a neuropatia mais prevalente, afetando pelo menos 50% dos pacientes diabéticos.
Diversos fatores de risco são descritos como responsáveis pelo seu aparecimento, tais como: o descontrole glicêmico, hipertensão arterial, hipertrigliridemia, obesidade, envelhecimento, duração da diabetes e o sexo feminino.
O surgimento de úlceras plantares ocorre principalmente pelo fato que o paciente com neuropatia diabético deixa de ter sensibilidade na região plantar dos pés. Associado a esta insensibilidade, o suprimento vascular dos pequenos e grandes vasos estão também prejudicados, fazendo com que feridas recebam pouco suprimento sanguíneo, reduzindo sua capacidade de cicatrização.
Por este motivo, qualquer trauma que este pé receba, podendo ser desde manter uma pedrinha o dia todo dentro do calçado até pisar em um solo quente, geram úlceras, já que o paciente perde a capacidade de sentir estímulos noviços aos pés.
As principais recomendações preventivas são:
1- Inspecionar os pés (dorso, dedos, espaço interdigital e planta), de modo que o paciente entenda que por não possuir sensibilidade, apenas encontrará lesões se observar os pés. Caso não possua acompanhantes para ajudar, o uso de espelhos ou câmeras fotográficas podem ser uma saída. Procure por bolhas, calosidades, rachaduras e úlceras.
2- Durante o banho, lavar os pés com água morna. Para testar a temperatura da água, utilize sempre as mãos ou peça ajuda para alguém, de maneira que nunca coloque inicialmente os pés em contato com a água sem antes saber se a temperatura está correta. Caso tenha dificuldade de lavar os pés, peça ajuda ou opte por tomar banho sentado. A limpeza deve ser realizada de preferência com sabonete neutro e hidratante, sem o uso de buchas ásperas, não esquecendo de limpar também entre os dedos.
3- Secar os pés após o banho é tão importante quanto lavá-los. Este deve ser realizado de forma cuidadosa e eficiente, principalmente nos interdígitos, usando tecido de algodão macio. Caso haja dificuldade nesta etapa, pode-se utilizar secador de cabelo no modo frio.
4- Aplicar creme hidratante corporal nas pernas e nos pés afim de manter a pele hidratada, evitando assim rachaduras. Não passar entre os dedos.
5- Utilizar meias de algodão grossas, sem costuras, sem elásticos e brancas. Isto projete os pés contra atritos dos calçados e dissipa o suor. Inspecione as meias sempre após seu uso, por serem brancas ajudam a identificar secreções em caso do surgimento de feridas.
6- Nunca ande descalço, mesmo que dentro de casa. Isso evita o surgimento de feridas nos pés e os protegem contra traumas. Ao calcar os sapatos, sempre os inspecione, a procura de objetos que possam machucar o pé.
7- Os calçados não devem ser escolhidos pele estética, e sim pelas suas características anatômicas. Prefira aqueles com solado firme, com palmilhas confortáveis e sem costuras internas pois essas causam atritos. O comprimento e largura do sapato devem acomodar bem o pé, de modo que não os apertem, assim como a altura da câmara anterior devem ser altas o suficiente para evitar o atrito dos dedos. O tecido deve ser flexível e pouco elástico, evitando fibras sintéticas.
8- Quando realizar a troca do calçado, use o novo com cautela, iniciando com uma hora de permanência para avaliar se ele gera atritos e para que laceie progressivamente.
9- Mantenha suas unhas sempre aparadas retas, unhas encravadas ou curtas e traumas durante o manejo delas, podem gerar portas de entrada para microrganismos, gerando complicações locais e até sistêmicas se não rapidamente diagnosticas e tratadas.
10- Oriente a importância de um bom controle glicêmico, dos malefícios para saúde do tabagismo e bebidas alcoólicas.
11- Faça um acompanhamento regular conforme frequência orientada pelo seu médico e o comunique caso imediatamente caso ocorra imprevistos ou tenha dúvidas.
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10 PASSOS PARA PREVENIR ÚLCERAS NOS PÉS
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