ARTROPATIA DE CHARCOT: O QUE É E COMO TRATAR
Imagine não ser capaz de sentir uma lesão no pé e continuar caminhando como se nada tivesse acontecido. Com o tempo, essas lesões não tratadas podem causar uma série de problemas graves, incluindo mudanças na estrutura do pé. Esse é o cenário que caracteriza a Artropatia de Charcot.
Também conhecida como Pé de Charcot, essa é uma complicação comumente causada pelo diabetes. Ela resulta em uma deformidade nos ossos e articulações. Esta deformidade associada à perda de sensibilidade protetora predispõe a formação de úlceras plantares, que podem evoluir para complicações importantes devido ao lento processo de cicatrização.
Então, como podemos tratar essa condição e prevenir suas complicações?
Nesta matéria, vamos abordar a Artropatia de Charcot em mais detalhes. Convido você a acompanhar-me nesta leitura.
Quais as causas e fatores de risco?
Ainda não temos total clareza sobre o fator inicial da Artropatia de Charcot. No entanto, sabemos que essa condição provoca reabsorção óssea em determinadas regiões do pé, o que pode levar a fraturas ósseas graves.
Em pessoas sem diabetes, uma pequena fissura no pé gera muita dor, impedindo que o paciente coloque o pé no chão. No entanto, em pacientes com diabetes e neuropatia diabética, devido à falta de sensibilidade nos pés, eles geralmente sentem apenas um desconforto, acompanhado de vermelhidão e inchaço. Assim, muitas vezes, a única queixa é a incapacidade de calçar sapatos devido ao inchaço.
A Artropatia de Charcot ocorre em pacientes com neuropatia periférica (perda de sensibilidade), que pode ser resultado de diversas condições, incluindo diabetes mellitus, hanseníase, sífilis, poliomielite, alcoolismo crônico ou siringomielia. Ou seja, não se manifesta apenas em diabéticos. No entanto, cerca de 90% dos casos ocorrem em pessoas com diabetes.
Qual a diferença entre Artrose e Artropatia de Charcot?
Compreender a diferença entre a Artrose e a Artropatia de Charcot é importante para poder entender melhor estas duas condições e como elas afetam o nosso corpo.
Artrose
A artrose é uma doença que afeta as articulações. Ela ocorre quando a cartilagem que reveste as articulações dos ossos se desgasta e pode levar à dor, rigidez e diminuição da mobilidade.
É uma condição bastante comum e geralmente se desenvolve gradualmente ao longo de muitos anos.
Embora a artrose possa afetar qualquer articulação do corpo, é mais frequentemente encontrada nos joelhos, mãos, quadris e coluna vertebral.
Artropatia de Charcot:
A Artropatia de Charcot, por outro lado, é uma doença que gera fraturas nos pés e tornozelos.
Devido a Artropatia de Charcot acontecer em pessoas com neuropatia periférica, ou seja, uma doença que leva à perda de sensibilidade da planta dos pés, o paciente não sente a dor referente as fraturas que deveria sentir e continua pisando com o pé fraturado. Os ossos fraturas vão se deformando mais ainda, fazendo com que o pé mude seu formato. Normalmente o formato mais característico chama-se em mata-borrão.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da Artropatia de Charcot é geralmente feito por meio de uma combinação de exame físico e de imagem.
Durante o exame físico, o médico pode notar sinais como inchaço, vermelhidão e aumento de temperatura na área afetada. Esses sintomas, juntamente com a história médica do paciente (como a presença de neuropatia periférica), podem levar à suspeita de Artropatia de Charcot.
Os exames de imagem, como radiografias, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, são usados para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da condição. Estes podem mostrar alterações ósseas e articulares características da Artropatia de Charcot.
A ressonância magnética é o exame de imagem que pode mostrar as alterações mais precoces da Artropatia de Charcot, ou seja, fazer o diagnóstico na fase inflamatória (primeira fase da Artropatia de Charcot).
Sobre o Dr. Eduardo Pires - Ortopedista especializado em Pé Diabético
Eduardo Araujo Pires (CRM 161919) é médico graduado pela Faculdade de Medicina de Catanduva. Após título de medicina, fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia na Santa Casa de São Paulo.
Especializou-se no tratamento de afecções do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia – USP, área que atua atualmente. Hoje mantêm vínculo com a USP através do MESTRADO e como ortopedista voluntário do grupo de afecções do pé e tornozelo da instituição.
Possui também especialidade em Terapia por Ondas de Choque pela Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque (SBTOC) e em Perícia Médica pela Santa Casa de São Paulo.