O QUE É O PÉ DIABÉTICO?
O pé diabético é qualquer lesão nos pés em pessoas com diabetes que apresentem neuropatia diabética e algum grau de dano nos vasos sanguíneos. Ou seja, ele afeta principalmente aqueles com dificuldade de controlar adequadamente seus níveis de glicose no sangue ou que possuem diabetes por longos períodos.
Como resultado, essas lesões tornam-se mais vulneráveis a complicações, como infecções e necroses. Deste modo, quando não tratadas adequadamente, podem levar à amputação.
No mundo, a cada 20 segundos um membro inferior, pé ou perna, é amputado em decorrência das complicações do diabetes.
Nesse artigo iremos nos aprofundar mais nesse tema, acompanhe até o fim!
Por que é tão importante um paciente com diabetes cuidar dos pés?
Uma das principais razões pelas quais uma pessoa com diabetes deve cuidar dos pés é devido à neuropatia diabética. Essa condição ocorre quando os nervos são danificados devido ao diabetes, resultando em diminuição da sensibilidade nos pés.
Isso significa que a pessoa pode não sentir dor ou desconforto quando ocorrem feridas, cortes ou lesões nos pés. Sem perceber esses problemas, eles podem piorar rapidamente e levar a infecções graves.
Portanto, é essencial que a pessoa examine regularmente os pés e fique atenta a qualquer alteração.
Quais os tipos de pé diabético?
Existem diferentes tipos de pé diabético, com características e complicações distintas:
Neuropático:
O pé neuropático é o tipo mais comum de pé diabético. Resulta da neuropatia diabética, uma condição em que os nervos dos pés são danificados devido ao diabetes. Isso leva à perda de sensibilidade nos pés, tornando-os mais propensos a feridas, úlceras e infecções. As lesões neuropáticas podem ser indolores, o que dificulta a detecção precoce dos problemas nos pés.
Isquêmico:
O pé isquêmico ocorre devido à doença arterial periférica, uma condição na qual o fluxo sanguíneo para os membros inferiores é reduzido. No caso do diabetes, a doença arterial periférica é agravada, resultando em uma circulação sanguínea inadequada nos pés. A falta de fluxo sanguíneo adequado dificulta a cicatrização de feridas e aumenta o risco de infecções. Os pés podem apresentar frieza, dor em repouso e alterações na coloração da pele.
É importante ressaltar que esses tipos de pé diabético não são mutuamente exclusivos e podem coexistir em uma mesma pessoa.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico do pé diabético requer uma avaliação clínica cuidadosa para identificar os sinais e sintomas associados à condição. O processo de diagnóstico envolve:
Histórico médico: Histórico médico do paciente, incluindo o diagnóstico de diabetes, o controle glicêmico, o histórico de lesões nos pés, a presença de sintomas como dormência, formigamento ou dor nos pés, além de quaisquer tratamentos anteriores relacionados aos pés.
Exame físico: Exame físico completo dos pés, observando a pele, a temperatura, a presença de feridas, úlceras, deformidades, alterações na cor ou no formato dos pés, além de avaliar a sensibilidade e o pulso nos pés.
Testes complementares: Exames de laboratório, como análise da glicemia, hemograma completo e outros testes específicos, se necessário. Além disso, exames de imagem, como radiografias, ressonância magnética e doppler arterial, podem ser realizados para avaliar a circulação sanguínea e a presença de complicações nos tecidos profundos.
Como proteger os pés para evitar lesões?
Para proteger os pés e evitar lesões em pessoas com diabetes, é importante adotar medidas de cuidado e prevenção:
- Controle glicêmico: O controle da glicose ajuda a reduzir o risco de complicações, incluindo danos nos nervos e nos vasos sanguíneos dos pés.
- Examine os pés diariamente: Faça uma inspeção minuciosa dos pés todos os dias para verificar a presença de cortes, feridas, bolhas, vermelhidão ou áreas de aumento de temperatura. Caso tenha dificuldade em ver ou alcançar seus pés, peça a ajuda ou use um espelho para auxiliar na visualização.
- Mantenha os pés limpos e secos: Lave os pés diariamente com água morna e sabão neutro. Por isso, certifique-se de secar cuidadosamente, especialmente entre os dedos, para evitar a umidade excessiva, que pode favorecer o surgimento de infecções fúngicas.
- Hidratação adequada: Use um creme ou loção hidratante para manter a pele dos pés macia e hidratada, evitando o ressecamento e a formação de rachaduras.
- Corte adequado das unhas: Corte as unhas dos pés em linha reta, evitando cantos afiados ou arredondados. Evite cortes muito curtos para evitar lesões e infecções. Caso tenha dificuldade em cortar as unhas, procure a ajuda de um podólogo ou profissional de saúde especializado.
- Use calçados adequados: Opte por calçados confortáveis, que se ajustem corretamente aos pés, sem apertar ou causar atrito. Dê preferência a sapatos com a câmara anterior larga e solado rígido. Verifique sempre o interior dos calçados antes de usá-los, para garantir que não haja objetos estranhos ou costuras que possam causar lesões.
- Meias adequadas: Use meias brancas, limpas, macias e sem costuras que se ajustem bem aos pés. Desta forma, as meias de algodão são uma boa opção, pois permitem a absorção do suor e mantêm os pés secos.
- Proteção contra o frio e o calor: Em temperaturas extremas, proteja os pés usando calçados adequados, meias térmicas e evitando exposição prolongada a temperaturas excessivamente quentes ou frias.
- Evite andar descalço: Procure não andar descalço, mesmo em casa, para evitar cortes, feridas ou infecções.
O cuidado contínuo e a vigilância são fundamentais para a prevenção de lesões no pé diabético.
Sobre o Dr. Eduardo Pires - Ortopedista especializado em Pé Diabético
Eduardo Araujo Pires (CRM 161919) é médico graduado pela Faculdade de Medicina de Catanduva. Após título de medicina, fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia na Santa Casa de São Paulo.
Especializou-se no tratamento de afecções do pé e tornozelo pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia – USP, área que atua atualmente. Hoje mantêm vínculo com a USP através do MESTRADO e como ortopedista voluntário do grupo de afecções do pé e tornozelo da instituição.
Possui também especialidade em Terapia por Ondas de Choque pela Sociedade Brasileira de Terapia por Ondas de Choque (SBTOC) e em Perícia Médica pela Santa Casa de São Paulo.